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Mosteiro de Alcobaça vibra ao som de Simantra: a percussão também é um instrumento divino

O Simantra Grupo de Percussão surpreendeu na sua atuação no Mosteiro de Alcobaça, no dia 14 de julho, ao percorrer vários espaços do monumento Património da Humanidade. A espectativa era grande, afinal, não é todos os dias que um grupo de percussão atua dentro de um conjunto arquitetónico associado à vida monástica, mas Fernando Chaib, Leandro Teixeira e Ricardo Monteiro passaram com distinção no teste. A espiritualidade não esteve afastada da performance artística do Simantra, pelo contrário, foram quase duas horas de singular beleza e sensibilidade musical, que muito honraram o Cistermúsica e o legado erudito dos monges cistercienses no cenóbio alcobacense. 

   O encontro com as cerca de duas centenas de espectadores estava marcado para o Claustro D. Dinis, o mais visitado pelos turistas que visitam o núcleo medieval do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça. Foi num cenário a meia luz, pouco depois do pôr do sol, que o Simantra Grupo de Percussão iniciou o concerto com a obra “Dimensões”, do brasileiro Carlos Stasi. 

   Os bombos e tambores conquistaram de imediato o público, que seguiu depois os músicos para a Sala do Capítulo, a sala os monges se reuniam regularmente com o abade de Alcobaça. As marimbas funcionaram na perfeição no melhor espaço acústico do Mosteiro, na interpretação de “Rain Tree”, do japonês Toru Takemitsu. 

   O cortejo seguiu depois para a Sala dos Monges, que outrora serviu como sala de trabalho, sala de espera e sala de estar dos monges. Aqui, a mais surpreendente performance do trio, que utilizou apenas as mãos, os dedos ou as unhas para fazerem música em mesas de percussão de madeira. “Musique de Tables”, foi a obra do belga Thierry De Mey, que fez o público levantar-se no final, para aplaudir de pé o trio de doutorandos em Percussão da Universidade de Aveiro.

   O resto do concerto decorreu no Claustro da Prisão, já com o auxílio de um quarto elemento, Luiz Ferreira, tendo sido interpretadas obras do brasileiro Carlos Contreras (Imogen) e do norte-americano John Cage (Third Construction). Um fim de festa proporcionado por uma parafernália de instrumentos de percussão que deixou rendidas as duas centenas de espectadores que, em boa hora, decidiram assistir a este concerto que ficará certamente como um dos momentos altos destas 20 edições do Festival de Música de Alcobaça. 

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