RIO - O deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL, pré-candidato à Prefeitura do Rio nas eleições de outubro, escolheu para ser o vice em sua chapa o músico e compositor Marcelo Yuka. Ex-baterista da banda O Rappa e conhecido por escrever canções de protesto contra a desigualdade social, Yuka, filiado ao mesmo partido do parlamentar desde 2010, ficou paraplégico depois de ser baleado, há quase 12 anos, em um assalto na Tijuca, Zona Norte da cidade, bairro onde mora.
O anúncio oficial da chapa será feita por Freixo logo após uma reunião com integrantes do diretório regional do PSOL, prevista para ocorrer em duas semanas. O convite, já aceito por Yuka, foi feito pelo deputado na última sexta-feira, na casa do músico. Os dois vão se encontrar novamente hoje para iniciar a discussão do programa de governo.
— Ter o Yuka neste projeto é uma honra. É um presente que eu ganho. Uma pessoa com uma história impressionante, com uma identidade com a cidade que a gente quer. Acreditamos em uma outra política e não naquela que precisa de 19 partidos para se manter no poder — afirmou Freixo, referindo-se ao leque de alianças composto pelo atual prefeito Eduardo Paes, do PMDB, que tentará a reeleição.
Em entrevista ao GLOBO, Marcelo Yuka conta ter sido pego de surpresa com a proposta de Freixo:
— Foi uma surpresa mesmo, uma loucura deste cara (Freixo)! Eu achava que iria ajudar apenas na campanha, distribuindo panfletos nas pracinhas, mas ele acha que eu posso dar mais do que isso. Será uma campanha pesada, mas eu tenho sorte, e ele é um candidato atípico. O voto nele é suprapartidário.
O músico assumirá o posto de pré-candidato a vice de Freixe no momento em que vive um processo intenso de criação na carreira artística. Yuka trabalha atualmente na produção de dois CDs e na sua biografia, além de outras frentes.
— Prefiro acreditar nas pessoas e não na situação partidária. A admiração que eu tenho pelo Marcelo é porque não o vejo ludibriado pelo poder. Eu até me emociono. Não tomaria essa posição (de ser vice) por ninguém. Pessoas próximas a mim, se me convidassem, eu não aceitaria — afirma Yuka.
Para o músico, assuntos como educação e saúde merecem atenção especial:
— Acredito que o investimento na educação hoje é irrisório. Como cadeirante, tenho uma preocupação ainda voltada para a saúde.
Yuka também faz palestras sobre sua experiência de vida e participa de projetos sociais. Ele foi baleado em 9 de novembro de 2000 durante um assalto na esquina das ruas Andrade Neves e José Higino, na Tijuca. Um dos tiros atingiu a segunda vértebra torácica, deixando-o paraplégico. Em 2009, Yuka voltou a ser alvo da violência na capital. Assaltantes tentaram levar seu carro. Ele foi agredido com socos e jogado para fora do veículo pelos bandidos.
Segundo Freixo, que até o momento não tem apoio de nenhum partido, a dobradinha com Yuka, no primeiro turno, vai priorizar a participação da sociedade.
— Só buscaremos apoio de partidos no segundo turno — avisa o deputado
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